Pelo menos 50% da população desconhece a importância da alimentação e atividade física na prevenção da doença.
Veja como melhorar a sua rotina
O estudo Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: Uma Perspectiva Global, foi lançado recentemente pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), do Ministério da Saúde e traz a tradução do III Relatório de Especialistas do Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer, produzido pelo American Institute for Cancer Research (AICR) e World Cancer Research Fund (WCRF).
O documento inclui também um relatório sobre o tema especialmente preparado por especialistas para a perspectiva brasileira. Nele, são destacadas a importância da alimentação e prática de atividade física para a prevenção do câncer.
Segundo a publicação, nos países de alta renda, mais de 90% da população sabe que o tabagismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento de câncer. Mas aproximadamente metade da população desconhece a relação da doença com a má alimentação, a inatividade física e o excesso de peso corporal. Isso significa que, no Brasil, a desinformação pode ser ainda maior.
“A obesidade mais do que triplicou nos últimos 30 anos e isso certamente tem relação com o estilo de vida sedentário e o consumo excessivo de alimentos altamente processados. Estamos todos desafiados a nos alimentar melhor e nos movimentar mais para frear o avanço da obesidade e das doenças a ela relacionadas, com o câncer”, explica o Dr. Daniel Lerario, clínico geral e endocrinologista.
A importância das escolhas saudáveis
O objetivo da divulgação de estudos como este, do INCA, é incentivar a população a fazer escolhas saudáveis diariamente, reduzindo o risco de câncer e de outras doenças crônicas não transmissíveis. Isso vale também para aqueles que já receberam um diagnóstico da doença.
“Para aumentar as chances de que a atividade física seja inserida na rotina de maneira permanente, é importante que ofereça momentos de prazer a quem está praticando. Seja uma aula de dança ou longas caminhadas, gostar da escolha é fundamental para manter-se motivado em longo prazo”, orienta o Dr. Daniel.
No entanto, informar as pessoas sobre os fatores que causam ou protegem contra o câncer e fazer recomendações sobre comportamentos de saúde é importante, mas não é suficiente. Parte do comportamento de uma população é reflexo de questões sociais, econômicas e do ambiente em que vivem.
Assim, a publicação reconhece a responsabilidade dos governos de proteger a saúde de seus cidadãos e criar ambientes propícios para isso. Ou seja, mudanças na rotina, que incluam uma dieta mais saudável e a realização de atividade física, também dependem de políticas públicas que priorizam e permitam que estas mudanças.
Câncer em alta no mundo
O câncer pode afetar qualquer pessoa, mas algumas estão em maior risco que outras. Além do fator genético, há fatores ambientais e estilo de vida que podem ter forte influência sobre o risco de câncer, fazendo com que a doença seja evitável em muitos casos.
Estima-se que entre 30 e 50% de todos os casos de câncer são preveníveis por meio da adoção de estilos de vida mais saudáveis e evitando a exposição a substâncias cancerígenas, poluição ambiental e infecções crônicas.
No estudo, os pesquisadores estimaram que, hoje, a alimentação inadequada, o consumo de bebida alcoólica, a inatividade física, o sobrepeso e a obesidade são responsáveis por 14,7% dos casos de câncer e 17,8% dos óbitos.
Com as atuais tendências de crescimento do sedentarismo e consequente aumento da gordura corporal, estes números devem continuar subindo, especialmente com o envelhecimento da população mundial.
Segundo o Dr. Daniel, tanto o sobrepeso, como a obesidade acontecem quando a ingestão de calorias é maior do que a quantidade de energia gasta ao longo do dia.
“Pense na comida ingerida como o combustível destinado a alimentar você. À medida que você se move ao longo do dia, queima esse combustível. Se você ingerir muito combustível, ele não será queimado, permanecendo no corpo”.
Se nada for feito e o sobrepeso e a obesidade seguirem aumentando, em breve, serão o principal fator de risco para o câncer, na frente até mesmo do tabagismo.
Prevenção do câncer
Ainda na publicação, o INCA oferece algumas recomendações para a prevenção do câncer, especialmente elaboradas para a população brasileira. As recomendações também valem após o diagnóstico de câncer. Confira:
• Mantenha o peso corporal saudável, dentro dos limites recomendados de IMC. Evite o ganho de gordura corporal na vida adulta, mantendo peso e circunferência abdominal adequados
• Seja fisicamente ativo, tanto no lazer como nos deslocamentos, atividades domésticas ou no trabalho
• Busque atividades que deem prazer e limite hábitos sedentários, como passar muito tempo assistindo TV ou usando o celular ou computador
• Faça dos alimentos de origem vegetal a base da alimentação, incluindo nas refeições frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais, sementes e nozes
• Evite alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast food, que além de possuírem elevadas quantidades de açúcar, gordura e/ou sal, promovem o ganho de peso
• Coma à mesa com amigos e familiares, não substitua refeições por lanches. Cozinhar favorece a alimentação saudável
• Limite o consumo de carne vermelha a até 500 gramas (cozida) por semana (equivalente a 750 gramas de carne crua). As melhores formas são assadas, cozidas ou ensopadas
• Evite o consumo de carnes processadas, como presunto, salsicha, mortadela, linguiça, salame, bacon, peito ou blanquet de peru, entre outras
• Evite o consumo de chimarrão em temperatura superior a 60°C. Para isso, desligue o forno quando iniciar a formação de bolhas gasosas no fundo da panela e espere alguns minutos antes do consumo
• Evite bebidas alcoólicas. Se beber, procure consumir a menor quantidade possível
• Para as mulheres, quando possível, amamentem seus bebês. A amamentação protege as mães do câncer de mama e os bebês do sobrepeso e da obesidade ao longo da vida
• Não use suplementos alimentares para prevenção do câncer. Uma alimentação saudável fornece a quantidade adequada de nutrientes
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